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POLUENTES AMBIENTAIS: DOS PLÁSTICOS AOS ALIMENTOS PRESENTES NA MESA - UM OVERVIEW

Por Maurício Martins da Silva

A mídia tem dado amplo destaque a temas referentes às consequências para a saúde humana e ambiental ante a exposição a poluentes ambientais. Dentre eles inclui-se um grupo heterogêneo de compostos genericamente chamados de interferentes endócrinos. Nesse overview destacamos aqueles mais onipresentes e danosos para a biota terrestre e aquática, a exemplo de metais pesados como o chumbo e mercúrio que potencialmente se magnificam nas cadeias tróficas, bem como frutos do mar que chegam a nossa mesa contendo o mais comum dentre os organometálicos, o tributilestanho (TBT), um biocida usado como anti-incrustante de lastros de navios. Atenção tem sido dada também à detecção de microplásticos no sal de cozinha, bem como à caracterização do plastificante bisfenol A (BPA) como um interferente endócrino obesogênico por afetar, por exemplo, a fisiologia de órgãos reguladores do balanço energético e adicionalmente afetando o sistema reprodutor e fertilidade, inclusive em humanos. O BPA é empregado como matéria-prima do policarbonato contido em alguns utensílios domésticos de plásticos usados para estocar alimentos e bebidas. Em alguns países, tal composto já tem sua importação/fabricação proibida ou regulamentada, porém, sem qualquer controle o seu substituto oficial, o bisfenol S, cujos efeitos toxicológicos ainda são menos caracterizados é empregado livremente na fabricação de diversos plásticos. No cenário do Brasil, por ter como pilar de sua balança comercial favorável a produção e exportação de gêneros alimentícios tipicamente agrários, a conscientização tem sido focada em alertar a população sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos, fazendo com que a médio e longo prazo esses "venenos" ponham em xeque o custo-benefício trazido por tais insumos agrícolas visto que estudos experimentais e epidemiológicos relatam que a população especialmente a rural que lida com tais substâncias direta e diariamente, tem sido acometida com diversos tipos de neuroendocrinopatias e transtornos comportamentais já que, segundo relatos, há grande afinidade química entre os diferentes agrotóxicos para com células nervosas, o que contribuiria para que o sistema nervoso fosse um alvo desses poluentes. E tal situação tende a se agravar caso haja “atualização” do Projeto de Lei (PL) 6299/02 que foi apelidado de “PL do veneno” a qual na verdade representa um retrocesso tendo em vista que as leis de controle/fiscalização, produção e manejo de defensivos agrícolas podem se tornar mais flexíveis com o aval do Poder Público, somando-se a proposta de modificar o termo “agrotóxico” para um menos pejorativo, o que contribuiria para mascarar mais ainda os danos ante a superexposição a eles. Nos bastidores dessa polêmica, está a homeostase dos ecossistemas e a saúde das futuras gerações. O que será de nós? Teremos voz para rechaçar a “PL do veneno”? 
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